À CONVERSA COM ANTÓNIO NOGUEIRA

A liberdade de escrever!

António Francisco Sá Nogueira nasceu a 4 de Junho de 1990 e descreve-se como sendo uma pessoa crente e paciente. Gosta de estar na companhia dos amigos, e claro de escrever. É o coordenador do projecto de catequese Duc In Altum na paróquia de S. Jorge de Arroios, sendo explicador de matemática e físico/química no tempo livre. É mestre em Engenharia de Materiais e publicou em Setembro de 2015 o seu primeiro livro com a Chiado Editora – "Asas de ser". 

 

Débora: Quando é que ganhou o gosto pela escrita?

António: Escrever foi algo que comecei a fazer há uns anos. Escrevia cartas para alguns amigos por ocasião dos seus aniversários, por exemplo. Na sequência de uma dessas cartas a pessoa visada insistiu comigo para que escrevesse com mais regularidade, em Junho de 2014. Por causa disso, em Julho, escrevi um diário de bordo da viagem a bordo do veleiro do meu tio. Escrever com mais regularidade foi algo que comecei a fazer apenas em Outubro de 2014, porque um dia decidi assumir comigo mesmo o compromisso de escrever, diariamente uma página. Esse é um compromisso que ainda continuo a cumprir.

Débora: O que costuma escrever nessas cartas? Como foi que reagiu quando uma dessas pessoas lhe disse para escrever mais?

António: Aquilo que escrevo nessas cartas é, normalmente, um testemunho do modo como vejo a pessoa a quem me dirijo, como avalio a relação entre nós e, quando possível e necessário, dou sugestões de como poderemos melhorar e fortalecer os laços. Já me tinha sido dito que as minhas cartas eram tocantes. A grande novidade foi ter sido encontrado na minha escrita o potencial para estender os temas às coisas mais quotidianas, e não apenas às pessoas a quem me dirigia. Passar a testemunhar o mundo e não apenas as pessoas nele contidas.

Débora: Quem são os seus ídolos da literatura? Tiveram eles influência no que escreve?

António: Não diria que tenho ídolos na escrita, mas autores como Christopher Moore, Miguel Real ou José Tolentino de Mendoça tiveram um papel naquilo que vim a escrever.

Débora: Quando é que decidiu que seria bom publicar um livro?

António: Em Maio de 2015 já tinha acumulado um volume considerável de textos e reflexões. As reacções que obtive desses textos foi muito positiva, por isso decidi submeter o manuscrito a algumas editoras e a Chiado Editora demonstrou interesse.

Débora: Como decorreu o processo de edição?

António: Submeti todos os meus textos tal como tinham sido redigidos. A Chiado Editora informou-me que a selecção de quais os textos a publicar era uma escolha inteiramente minha e na qual, efectivamente, não tiveram qualquer intervenção. Por escolha minha também o design da capa foi feito por alguém do meu conhecimento. Acabaram por ser escolhidos, aproximadamente, 70 textos.

Débora: Como surgiu o título?

António: O título surgiu-me espontaneamente. Não sei explicar como ou porquê. Andei algum tempo a pensar sobre um título e esse acabou por surgir. O Homem sempre teve um fascínio pela liberdade das aves, não sou eu também alheio a isso.

Débora: Como define a sua escrita?

António: A minha escrita é apenas um testemunho daquilo que vou vivendo. Espero que reflita as pequenas e as maiores questões que cada pessoa vai enfrentado na vida.

Débora: Que "questões" são essas?

António: As relações entre as pessoas. A dificuldade que vejo em gerir a necessidade de sermos elementos de uma sociedade com vida própria. A diferença inerente à coexistência de pessoas com gostos, hábitos, ambições e experiências tão diferentes torna a temática do modo como se relacionam extremamente complexa mas também fascinante. Por exemplo, citando um assunto actual, é fascinante olhar como as pessoas olham a temática dos refugiados e do terrorismo. Como isso divide e afeta o relacionamento entre elementos de um mesmo meio.

Débora: Como foi quando teve pela primeira vez o seu livro nas mãos?

António: A primeira vez que tive o meu livro nas mãos foi para o autografar. Foi uma sensação de grande responsabilidade mas também orgulho.

Débora: Já teve, por exemplo alguma pessoa próxima de si que lhe tenha contado coisas do dia dela, aventuras, e você tenha usado para se inspirar e/ou escrever?

António: Com certeza, colocar-me na pele dos outros, dos seus problemas, é algo muito natural em mim e, por consequência, na minha escrita.

Débora: E essas pessoas repararam que eram elas e/ou as situações delas que estavam ali escritas? Como reagiram?

António: Algumas vezes sim, outras não. Algumas ainda nem deverão ter tido acesso aos textos que inspiraram, mas para aquelas a que foi notório, agradeceram muito o olhar sincero sobre as questões que enfrentam.

Débora: Escrever é algo que quer continuar a fazer?

António: Aquando a assinatura do contrato de edição tinha cerca de 200 páginas escritas, neste momento estou perto das 400. Se houver interesse do público em ler mais então certamente que sim.

Débora: Será no mesmo estilo? Já penso em títulos? Para quando será o próximo livro?

António: Será seguramente no mesmo estilo. Os títulos poderão ser decididos depois de definir a temática unificadora da obra. O próximo livro, a sair, será para definir caso a edição deste primeiro esgote.

Débora: O que diz o seu coração?

António: O meu coração está cheio. Cheio do carinho que recebo das pessoas com que partilho a vida mas também daquelas que se cruzam com os meus escritos. O meu coração diz me que a vida e a escrita melhoram temperadas com sentimentos.

Débora: O que gostaria de dizer para finalizar esta entrevista?

António: Gostaria de desafiarem a ler e, acima de tudo, a pensar. Caso tenham interesse neste meu livro então que o leiam e que me contem qual a sua experiência.

Débora: Obrigada, muito sucesso para si!

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Foto: Concebida pelo autor

By: Débora Macedo Afonso